A INDUSTRIALIZAÇÃO DO ESPAÇO MUNDIAL
As
origens do processo de industrialização remontam ao século XVlll, quando na sua
segunda metade, emergem na Inglaterra, grande potência daquele período, uma
série de transformações de ordem econômica, política, social e técnica, que
convencionou-se chamar de Revolução Industrial.
Hoje esse
processo já é conhecido como 1ª Revolução Industrial, pois nos séculos XlX, e
no XX, novas transformações geraram a emergência das 2ª e 3ª Revoluções
Industriais.
As transformações
de ordem espacial a partir da indústria foram enormes, podemos citar como
exemplo as próprias mudanças ocorridas na Inglaterra do século XlX, onde a
indústria associada a modernização do campo, gerou a expulsam de milhares de
camponeses em direção das cidades, o que gerou a constituição de cidades
industriais que nesse mesmo século ficaram conhecidas como cidades negras, em decorrência da poluição atmosférica gerada pelas
indústrias. Além disso, ocorreu uma grande mudança nas relações sociais, as
classes sociais do capitalismo ficaram mais claras, de um lado os donos dos
meios de produção ( burguesia), que objetivavam em primeiro lugar lucros cada
vez maiores, através da exploração da mão de obra dos trabalhadores que
ganhavam salários miseráveis, e trabalhavam em condições precárias, esses por
sua vez constituindo o chamado proletariado, (classe que vende sua força de
trabalho em troca de um salário), que só vieram conseguir melhorias a partir do
século XX, e isso fruto de muitas lutas,
através de greves que forçaram os patrões e Estados a concederem
benefícios a essa camada da sociedade.
O avanço
da indústria, especialmente a partir do século XlX, deu-se em direção de outros
países europeus como a França, a Bélgica, a Holanda, a Alemanha, a Itália, e de
países fora da Europa, como os EUA na América e o Japão na Ásia, a grosso modo
esses países viriam a ser no século vindouro, as potências que iriam dominar o
mundo, em especial os EUA, que hoje sem sombra de dúvidas são a maior potência
não apenas econômica, industrial, mas também militar do planeta.
A partir
do século XX, especialmente após a 2ª Guerra Mundial, países do chamado
terceiro mundo, também passaram por processos de industrialização, como é o
caso do Brasil. Nesses países foi muito marcante a presença do Estado nacional
no processo de industrialização, e das empresas multinacionais (empresas
estrangeiras), que impulsionaram esse processo, e fizeram que alguns países da
periferia do mundo hoje sejam potências industriais. Só que diferentemente do
que ocorreu nos países do mundo desenvolvido, a industrialização não resultou
necessariamente na melhoria de vida das populações, ou no desenvolvimento do
país, pois esse processo nos países subdesenvolvidos se deu de forma dependente
de capitais internacionais, o que gerou um aprofundamento da dependência
externa, como o que é expresso através das dívidas externas, além do que, as
indústrias que para cá vieram por já serem relativamente modernas não geraram o
número de empregos necessários para absorver a mão de obra cada vez mais
numerosa que vinha do campo para as cidades, isso fez com que ocorresse um
processo de metropolização acelerado, que não foi acompanhado de implantação de
infra- estrutura e da geração de empregos, o que gerou um dos maiores problemas
dos países subdesenvolvidos hoje o inchaço das grandes cidades, com os
problemas decorrentes do mesmo.
A INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA
Pensar na
origem da indústria no Brasil, tem que se incluir necessariamente, a economia
cafeeira desenvolvida no pais durante o século XlX e boa parte do XX, pois ela
foi quem deu as bases para o surgimento da indústria no país, que começou a
ocorrer ainda na Segunda metade do século XlX. Dentre as contribuições da
economia cafeeira para a industrialização, podemos mencionar:
a) Acumulação de capital necessário para o processo;
b) Criação de infra-estrutura;
c) Formação de mercado de consumo;
d) Mão de obra utilizada, especialmente os migrantes
europeus não portugueses, como os italianos.
No início
do século XX, a industrialização brasileira ainda era incipiente, era mais
vantajoso investir no café, por exemplo, do que na indústria. Com a crise de
1929, o rumo da economia brasileira muda. Com a subida ao poder de Vargas,
emerge o pensamento urbano industrial, na chamada era Vargas, o processo de
industrialização é impulsionado, com base nas políticas de caráter keynesiano.
O intervencionismo estatal na economia é cada vez maior, criam-se empresas
estatais como CVRD, Petrobrás, Eletrobrás, etc., com o objetivo de
industrializar o país.
No
governo de JK, se dá a abertura ao capital internacional, representado pelas
empresas multinacionais e pelos enormes empréstimos para o estabelecimento de
infra estrutura e de grandes obras como a construção da capital federal no
centro do país, no planalto central, Brasília.
Durante a
ditadura militar, o Plano de metas de JK é continuado, grandes projetos são
estabelecidos, a economia do país chega a tornar-se a oitava do mundo. Durante
o chamado milagre brasileiro(1968-1973), a economia brasileira passa a ser uma
das que mais cresce, essa festa toda só é parada em decorrência da Crise do
petróleo, que se dá a partir de 1973.
A grande
contradição desse crescimento se deve ao fato que, por um lado ele foi gerado
pelo grande endividamento externo, e por outro através de grande repressão (
vide o AI 5), e arrocho salarial , sobre a classe trabalhadora brasileira,
confirmando a tendência de Modernização
conservadora da economia nacional.
A partir
da década de 90, e da emergência das idéias neoliberais, o processo de
industrialização do país toma novo rumo, com a privatização de grande parte das
estatais e da abertura cada vez maior da economia do país ao capital
internacional, além da retirada de direitos trabalhistas históricos.
Mudanças
espaciais também são verificadas na distribuição atual das indústrias no país,
pois desde o início da industrialização, a tendência foi de concentração
espacial no Centro-sul, especialmente em São Paulo, isso fez com que esse estado
se torna-se o grande centro da economia nacional e em decorrência disso
recebesse os maiores fluxos migratórios, mas o que se verifica atualmente é que
a tendência mundial atual de desconcentração industrial também
tem se abalado sobre o Brasil, pois localidades do interior de São Paulo, do
Sul do país e até mesmo estados nordestinos começam a receber plantas
industriais que em outros tempos se dirigiriam sem sombra de dúvidas para a
capital paulista. Esse processo se deve em especial a globalização da economia
que tem acirrado a competição entre as empresas, que com isso buscam a redução
dos custos de produção buscando produzir onde é mais barato. Esse processo todo
tende a redesenhar não apenas o espaço industrial brasileiro, mas de várias
áreas do mundo. O mais interessante no caso brasileiro, é que ele não tem
enfraquecido o papel de São Paulo como cidade comandante da economia nacional,
mas pelo contrário fortalece, pois o que se desconcentra é a produção e não a
decisão.
CLASSIFICAÇÃO DAS INDÚSTRIAS
As
indústrias podem ser classificadas com bases em vários critérios, em geral o
mais utilizado é o que leva em consideração o tipo e destino do bem produzido:
a) Indústrias
de base: são
aquelas que produzem bens que dão a base para o funcionamento de outras
indústrias, ou seja, as chamadas matérias primas industrias ou insumos
industriais, como o aço.
b) Indústrias
de bens de capital ou intermediárias: são aquelas que produzem equipamentos necessários
para o funcionamento de outras indústrias, como as de máquinas.
c) Indústrias
de bens de consumo: são aquelas que produzem bens para o consumidor final, a população
comum, elas subdividem-se em:
c.1) Bens duráveis: as que produzem bens para consumo a longo
prazo, como automóveis.
c.2) Bens não duráveis: as que
produzem bens para consumo em geral imediato, como as de alimentos.
Se
levarmos em consideração outros critérios como por exemplo:
1-Maneira
de produzir:
a) Indústrias extrativas;
b) Indústrias de processamento ou beneficiamento;
c) Indústria de construção;
d) Indústria de transformação ou manufatureira.
2-Quantidade
de matéria prima e energia utilizadas:
a) Indústrias leves;
b) Indústrias pesadas.
3-Tecnologia
empregada:
a) Indústrias tradicionais;
b) Indústrias dinâmicas.
OS FATORES LOCACIONAIS
Fatores
locacionais devem ser entendidos como as vantagens que um determinado local
pode oferecer para a instalação de uma indústria.
Podem ser
eles:
- Matéria prima abundante e barata;
- Mão de obra abundante e barata;
- Energia abundante e barata;
- Mercados consumidores;
- Infra estrutura;
- Vias de transporte e
comunicações;
- Incentivos fiscais;
- Legislações fiscais, tributárias
e ambientais amenas.
Durante a
1ª Revolução industrial as indústrias inglesas se concentraram nas proximidades
das bacias carboníferas, o que fez com que ali surgissem importantes cidades
industriais, que ganharam o apelido de cidades negras, isso se deu em
decorrência do pequeno desenvolvimento em especial dos meios de transporte. Na
2ª Revolução Industrial do final do século XlX, com o desenvolvimento de novos
meios de transporte ( ferrovia) e a utilização de novas fontes de energia (
eletricidade, petróleo, etc.) houve uma maior liberdade na implantação de
indústrias que fez com que surgissem novas áreas industriais.
No século
XX as metrópoles urbano industriais passaram a concentrar as maiores e mais
importantes indústrias, o que as tornou o centro da economia de vários países
do planeta, como é o caso da região metropolitana de São Paulo no Brasil, ou do
Manufacturing Belt nos EUA. Atualmente a tendência é a da desconcentração industrial, onde as indústrias buscam novos locais
onde os custos de produção sejam menores, como ocorre com o chamado Sun Belt
nos EUA, ou na relocalização produtiva que estamos verificando no Brasil, isso
gera uma mudança significativa dos fluxos migratórios, cidades como São Paulo
ou Rio de Janeiro, deixam de ser as maiores captadoras de pessoas, cedendo esse
posto para cidades do interior de São Paulo dentre outras localidades.
A TERCEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Na década
de 1970, a crise do petróleo fez com que emergisse para o mundo algo que já
vinha sendo gerado no decorrer do século XX, a 3ª Revolução Industrial, também
chamada de Revolução tecnocientífica informacional.
Esta por
sua vez correspondia aos avanços tecnológicos em especial da informação e dos
transportes, representado por invenções como por exemplo Internet, e os aviões
supersônicos. Os avanços nesses setores tornaram o mundo menor, encurtaram as
distâncias e em alguns casos aniquilaram o espaço em relação ao tempo, como o
que vemos com a telefonia, dentre tantos outros exemplos.
Tudo isso
gerou e tem gerado transformações colossais no espaço geográfico mundial, as
indústrias buscam a inovação, investem em novas tecnologias, em especial
naquelas que poupem mão de obra como a robótica, o desemprego estrutural se
expande. Antigas regiões industriais entram em decadência com o processo de
desconcentração industrial, surgem novas regiões industriais. Surge a fábrica global, que se constitui na
estratégia utilizada pelas grandes empresas internacionais de produzir se
utilizando das vantagens comparativas que oferecem os variados países do mundo. A terceirização, também torna-se algo
comum, como o que ocorre com empresas de calçados como a NIKE, que não tem um
único operário em linhas de produção, pois não produz apenas compra de empresas
menores.
Fruto
também da revolução tecnocientífica informacional, surgem os chamados Técnopolos, locais, que podem ser
cidades ou até mesmo bairros onde se instalam empresas de alta tecnologia como
uma Microsoft, em geral associadas a instituições de pesquisa como
universidades. É o caso do Vale do Silício nos EUA, Tsukuba no Japão, e cidades
como Campinas e São Carlos no Brasil.
AS MULTINACIONAIS OU TRANSNACIONAIS
A partir
do final do século XlX, começam a surgir os primeiros trustes (modalidade de concentração e centralização do capital), os
quais dão origem a empresas multinacionais, que correspondem aquelas que se
expandem para além das fronteiras onde surgiram, algumas tornando-se
verdadeiras empresas globais, como é o caso da Coca-cola.
A grande
arrancada das multinacionais em direção dos países subdesenvolvidos se deu a
partir do pós 2ª Guerra mundial, quando várias empresas dos EUA, Europa e
Japão, passaram a se aproveitar das vantagens locacionais oferecidas por esses
países.
Hoje a
presença de multinacionais já faz parte do cotidiano de milhões de pessoas no
mundo todo, elas comandam os fluxos internacionais, e em alguns casos chegam a
administrar receitas muito superiores a de vários países do mundo.
As maiores
multinacionais do mundo são dos EUA, seguidas de japonesas e européias.
Empresas desse tipo surgidas em países do mundo subdesenvolvido ainda são
poucas, e não tão poderosas como dos primeiros.
No
Brasil, a chegada delas se deu, principalmente a partir do governo de JK, que
abriu a economia nacional ao capital internacional proporcionando grande
internacionalização da economia, por outro lado também beneficiou
multinacionais como por exemplo na opção pela via rodoviarista de transportes
para o Brasil, que naquele momento atraiu várias multinacionais produtoras de
automóveis, mas que condenou os brasileiros a pagarem os custos mais elevados
desse tipo de transporte.
Hoje a
presença delas no Brasil é muito intensa e numerosa, elas sendo responsáveis
por grande parte da drenagem de capitais que saem do país através das remessas
de lucros.
MODELOS PRODUTIVOS
( Da Segunda revolução industrial à revolução
Técnico-científica).
TAYLORISMO
- Separação do trabalho por tarefas
e níveis hierárquicos.
- Racionalização da produção.
- Controle do tempo.
- Estabelecimento de níveis mínimos
de produtividade.
FORDISMO
- Produção e consumo em massa.
- Extrema especialização do
trabalho.
- Rígida padronização da produção.
- Linha de montagem.
PÓS-FORDISMO
- Estratégias de produção e consumo
em escala planetária.
- Valorização da pesquisa
científica.
- Desenvolvimento de novas
tecnologias.
- Flexibilização dos contratos de
trabalho.