terça-feira, 29 de novembro de 2016

Notas Avaliação 8º A

Não postarei as notas vermelhas !


Números Notas
29,0
36,0
46,5
58,5
68,5
75,5
810,0Parabéns
98,5
107,5
117,5
125,5
135,5
149,5
158,5
168,5
17
1810,0Parabéns
198,5
20
216,5
2210,0Parabéns
239,0
247,5
257,5
268,0
276,0
287,5
29
307,5
31
325,5
335,5
349,0
35
36

domingo, 20 de março de 2016

Aula 20 de março


O continente Europeu 
Com uma área de pouco mais de 10 milhões de quilômetros quadrados (10.521.466 km2), que correspondem a apenas 7% das terras emersas, a Europa é uma das menores porções continentais do globo. O continente europeu estende-se do oceano Atlântico aos montes Urais (que o separam da Ásia).
Diferentemente dos outros continentes, as terras da Europa não estão distribuídas de forma compacta. Seu extenso litoral, bastante recortado, contém um grande número de mares, golfos, penínsulas, fiordes[1] e outras formações geomorfológicas. Isso facilita a construção de portos, favorecendo a utilização do transporte marítimo, mesmo entre regiões e países do mesmo continente.
Dos mares europeus, os mais importantes são: Mediterrâneo, Negro, Adriático, do Norte, Báltico, da Noruega, Egeu e Cáspio. Ao norte do continente, em razão dos climas frios, alguns mares, parte do Atlântico e do Ártico congelam-se durante o inverno, dificultando a navegação.
A Rússia é um dos países mais afetados pelas baixíssimas temperaturas no inverno, pois as saídas por mar para o Atlântico, as únicas com as quais o país pode contar, ficam congeladas nessa estação. O acesso ao Atlântico é feito pelo mar Mediterrâneo, passando pelo mar Negro e atravessando os estreitos de Bósforo e Dardanelos e o mar de Mármara, os três últimos controlados pela Turquia.
Dentre as várias penínsulas, destacam-se:
·         a península Escandinava, onde se localizam a Noruega e a Suécia;
·         a península da Jutlândia, onde se situa a Dinamarca;
·         a península Ibérica, constituída pela Espanha e por Portugal;
·         a península Itálica, onde se localiza a Itália;
·         a península Balcânica ou dos Bálcãs, constituída por Bulgária, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia, Montenegro, Macedônia, Turquia (parte europeia), Grécia e Albânia.
Sobressaem também ilhas e arquipélagos:
·         no oceano Atlântico, o arquipélago Britânico, cujas maiores ilhas são a Grã-Bretanha e a Irlanda, o arquipélago dos Açores e a ilha da Islândia;
·         No mar Mediterrâneo, as ilhas Baleares e as da Sardenha, da Sicília, de Córsega e de Creta;
·         No mar Egeu, o arquipélago grego.
Mais informação: Eurotúnel
Em dezembro de 1990, 51 metros abaixo da superfície do canal da Mancha, operários ingleses e franceses concluíram a abertura do primeiro dos três túneis previstos no projeto que liga a Inglaterra à França. Um dos túneis serve aos trens de passageiros, o outro, ao trem que leva automóveis, e o terceiro é para manutenção. A ideia da ligação entre os países foi do engenheiro francês Albert Mathieu, apresentada a Napoleão Bonaparte em 1802.
Desde 1994, com a conclusão dos trabalhos, é possível percorrer os 50,5 quilômetros que separam a ilha do continente, dos quais 35 quilômetros de túnel encontram-se sob o mar. A viagem de trem entre Paris e Londres dura aproximadamente 2 horas e meia.


O relevo
Na maior parte da Europa predominam baixas altitudes – cerca de dois terços de sua área continental têm altitudes inferiores a 200 metros. No Brasil, o relevo também apresenta altitudes relativamente modestas (predominam no país patamares inferiores a 500 m). Entretanto, diferentemente do que ocorre no relevo brasileiro, na Europa há cadeias montanhosas com altitudes superiores a 4 mil metros (Alpes) e a 5 mil metros (Cáucaso).
O relevo europeu é formado por planaltos (inclusive maciços antigos), cadeias de montanhas, planícies e depressões.
Os planaltos são encontrados ao norte e distribuídos pela parte central do continente. São formas de relevo desgastadas pela erosão, caracterizadas por baixas altitudes e formas arredondadas ou planas (mesetas[2]).
Esses maciços, que se estendem pela península Escandinava (Alpes Escandinavos) e pelas ilhas Britânicas (cadeia Penina), prologando-se pela Europa Central (maciço Xisto-Renano), pela França (maciço Central) e pela Espanha (meseta Espanhola), têm como ponto culminante o pico Glittertind, com 2472 metros (nos Alpes Escandinavos).
Outros planaltos europeus são: o planalto da Boêmia (República Tcheca), o planalto de Valdai, o Central Russo e os montes Urais (Rússia).
Em contraste com a pequena altitude e a forma arredondada dos maciços do norte, na porção central e sul do continente europeu estendem-se as cadeias de formação mais recente e altitudes elevadas. Entre elas, a cadeia mais importante são os Alpes. Essas cadeias montanhosas foram formadas por tectonismo (desdobramentos ocorridos na Era Cenozoica – Período Terciário). A porção sul apresenta atividades sísmica (terremotos) e vulcânica.
A atividade vulcânica também é intensa na Islândia. Além dos vulcões, há na ilha cerca de 800 fontes de água quente, chamadas gêiseres, que lançam água a temperaturas entre 75 oC e   100 oC e são aproveitados para a geração de energia.
Os Alpes estendem-se aproximadamente desde Nice (no sul da França) até Viena (no extremo leste da Áustria), formando um grande arco, que abrange principalmente o território da Suíça e o norte da Itália, além do leste da própria Áustria. Contam com 12 picos com mais de 4 mil metros de altitude, dos quais o monte Branco (4807 m) é o ponto culminante.
Além dos Alpes, destacam-se na Europa outras cadeias montanhosas:
·         os Pirineus, na divisa entre França e Espanha;
·         os Apeninos, na península Itálica;
·         os Cárpatos, pequeno arco em torno da planície da Hungria;
·         os Bálcãs, na península Balcânica, entre o mar Adriático e o mar Negro;
·         o Cáucaso, entre o mar Negro e o mar Cáspio.
Cerca de dois terços do relevo europeu é formado por planícies que se localizam, principalmente, nas partes leste e central do continente. Tal fato favorece o desenvolvimento de atividade agrícola mecanizada. São planícies sedimentares cortadas por importantes rios navegáveis e se estendem do mar do Norte aos montes Urais.
As planícies mais extensas são: a Russa (também chamada de Sarmática), a Germano-Polonesa (conhecida como planície do Norte da Europa) e a da Hungria. Existem outras menores, como a planície do Pó (ao norte da Itália), a bacia de Paris e a bacia de Londres .As depressões[3] absolutas ocorrem junto ao mar Cáspio (entre a Europa e a Ásia) e na Holanda (Países Baixos), ao norte do baixo curso do rio Reno. Para impedir o avanço da água do mar sobre o país, os holandeses constroem diques, canais de drenagem e sistema de bombeamento de água.

A hidrografia

Os rios europeus não se destacam pela grande extensão, mas por seu volume de água e sua importância como via de transporte. A Europa apresenta cerca de 75 mil quilômetros de vias fluviais, dos quais 43.500 quilômetros são constituídos por canais.
Os principais rios europeus são o Danúbio, o Volga e o Reno.
O rio Danúbio nasce na região da Floresta Negra (Alemanha), a mais de 600 metros de altitude, e deságua no mar Negro. O Danúbio é o rio que atravessa o maior número de países europeus: Alemanha, Áustria, Eslováquia, Hungria, Croácia, Sérvia, Montenegro, Bulgária, Romênia e Ucrânia, servindo como limite para alguns deles. Além de estar relacionado com um grande número de países, o Danúbio é o principal rio de três importantes capitais europeias: Viena (Áustria), Budapeste (Hungria) e Belgrado (Sérvia).
Dos seus 2858 quilômetros de extensão, 2450 quilômetros são navegáveis em qualquer época do ano. O tráfego no Danúbio (navios de carga e de passageiros) foi internacionalizado em  em 1856 (tráfego internacionalizado: trânsito permitido e oficializado entre países). Com isso, o rio tornou-se uma importante via de ligação entre a parte ocidental e a parte oriental da Europa. Entretanto, após a Segunda Guerra Mundial, quando os países da Europa Oriental adotaram o socialismo, esse tráfego pelo Danúbio ficou bastante reduzido. Com o fim da divisão da Europa – capitalista e socialista –, o Danúbio recuperou sua importância como principal elo de comunicação entre os países europeus, possibilitando o transporte de mercadorias e pessoas.
Outro traço importante do rio Danúbio é o fato de comunicar-se com o rio Reno, através do canal Ludwig e do rio Meno.



Mais informação: A bacia do Danúbio

O Danúbio é o segundo rio mais longo da Europa (depois do Volga), atravessando-a de oeste a leste, desde sua nascente, na Floresta Negra (Alemanha), até desaguar no mar Negro, no Delta do Danúbio (Romênia). [...]
A bacia do rio Danúbio abrange partes ou a totalidade de 18 países [...]. O Delta do Danúbio representa um dos últimos paraísos naturais da Europa e o maior parque do continente. Com quase 50 mil hectares de águas, tem ilhas, florestas virgens, canais, lagos, muitos peixes – até os esturjões, relíquias terciárias que dão o famoso caviar – e centenas de espécies de aves.
Ao longo dos anos, os recursos naturais e ecossistemas do Delta foram seriamente afetados pela intervenção humana e pela contaminação causada por esgotos domésticos e industriais, pesticidas e nutrientes, pela redução das zonas inundáveis por meio de represas, ou com a superexploração dos recursos do Delta pela agricultura, pesca, caça, turismo, crescimento e corte de juncos e extração de areias.
No início da década de 1990, foi criada a Reserva de Biosfera Delta do Danúbio, abrangendo o Delta e o sistema de lagos Razim-Sinoe. Sua função é preservar a diversidade genética da floresta e fauna do Delta do Danúbio, manter os sistemas de apoio vital e assegurar o uso sustentável de espécies e ecossistemas. A reserva é formada por 18 áreas protegidas, que cobrem 506 mil hectares, onde são permitidas atividades econômicas controladas, tais como corte de árvores, agricultura, corte de juncos, piscicultura, caça e turismo. [...]”

OLIVEIRA, Cecy. A bacia do Danúbio, patrimônio da humanidade. Março 2007, p. 81-82.


Com 3701 km de comprimento, o rio Volga é o mais extenso do continente. Ele nasce no planalto da Valdai, corre pela planície Russa e desemboca no Mar Cáspio.  É navegável em quase todo o seu curso e suas águas permanecem congeladas durante boa parte do ano.
O Reno, com 1350 km  de extensão , é outro rio de grande importância para o espaço geográfico europeu, pois liga a parte central da Europa aos Países  Baixos. Ele nasce nos Alpes Suíços, separa a Alemanha da França, corta a principal região industrial da Alemanha, passa pelos Países Baixos e desemboca no mar do Norte.
Junto ao seu principal afluente na Alemanha, o rio Ruhr, localiza-se o maior complexo industrial da Europa.
Em razão das obras de engenharia, o Reno é navegável da Basileia ( Suíça) até o mar do norte ( porto de Roterdã, na Holanda), o que permite o escoamento de vários produtos a custos bem menores do que por outras vias. Além disso, em seu curso foram construídas varias usinas hidrelétricas.
O Reno se comunica com vários outros rios através de canais e liga o oceano a varias regiões industriais do interior do continente. Isso  tornou o porto de Roterdã, localizado em sua foz , um dos mais movimentados do mundo.

Outros rios importantes do continente europeu são:
ü  Tejo Douro e Minho, em Portugal.
ü  Tejo Douro e Ebro, na Espanha.
ü  Sena, Loire e Ródano, na França.
ü  Tâmisa, na Inglaterra.
ü  Pó, Tibre e Arno na Itália.
ü  Vístula e Oder, na Polônia.
ü  Elba, na Republica Tcheca e na Alemanha.
ü  Don e Dnieper, na Rússia.
ü  Dnieper, na Ucrânia e em Belarus.
Os dois principais centros dispersores de agua da Europa são : os Alpes ( norte da Itália, sul da França , Suíça, Áustria, e extremo sul da Alemanha) e o planalto  de Valdai ( Rússia).      



Responda


1-      Que fronteiras naturais entre a Europa e a Ásia o mapa permite identificar ?
2-      Quais formas de relevo há no continente europeu?
3-      Quais são os continentes que se limitam com continente europeu?
4-      Cite quais são os montes mais altos do continente europeu?
5-      Cite o nome das penínsulas do continente europeu?
6-      Quais são as maiores ilhas do continente?
7-      Quais são os principais mares do continente Europeu?
8-      O que é o Eurotúnel?
9-      Qual ilha na Europa tem atividade vulcânica ?
10-   Onde se localiza o Cáucaso?
11-   Quais são os principais rios Europeus ?
12-   Qual rio mais extenso do continente europeu?
13-   O que é uma península?
14-   Que países se localizam na Península Balcânica?





[1] Fiorde: estreito corredor em forma de U, de grande profundidade (pode alcançar até 600 m), que se localiza em um litoral alto. Os fiordes foram construídos pela erosão glacial e, posteriormente, invadidos pelo mar.

[2] Meseta: denominação regional utilizada na Espanha Central para os planaltos com topo plano e escarpas acentuadas nas diferentes direções.
[3] Depressões: trechos do relevo mais baixos que as áreas que os circundam. Quando esses trechos estão acima do nível do mar, recebem o nome de depressões relativas; quando estão abaixo do nível do mar, são chamados de depressões absolutas (altitudes negativas).







domingo, 21 de fevereiro de 2016

Mundo Bipolar 8º ano 22/02

Mundo Bipolar  aula 22/02
A ampliação das áreas de influência das superpotências no pós-guerra acabou por dividir o mundo entre nações que adotavam o capitalismo ou o socialismo, situação que perduraria até o final da década de 1980. Essa disputa entre duas ideologias diferentes é o que chamamos de Mundo Bipolar (dois polos de influência mundial).
Para entender a nova ordem geopolítica e econômica mundial bipolar que ficou estabelecida a partir do pós-guerra, é preciso entender as decisões que foram tomadas pelas nações que venceram a Segunda Guerra Mundial.
A Alemanha tinha sido derrotada e encontrava-se sob o domínio de três países capitalistas a oeste(França, Estados Unidos e Inglaterra) e sob o controle do governo socialista soviético a leste.
A cidade de Berlim (capital da Alemanha) também foi dividida e ficou sob a tutela dessas quatro potências. Em 1949, o lado capitalista foi transformado na República Federal da Alemanha, ou Alemanha Ocidental, e o lado socialista, na República Democrática Alemã, ou Alemanha Oriental. Mais tarde, foi construído um muro na cidade de Berlim, separando o lado ocidental (capitalista) do lado oriental (socialista). Claro, que com a separação, as pessoas do lado soviético não podiam ir visitar seus parentes no lado capitalista e nem o lado capitalista podia entrar no lado socialista. Isso é brincadeira??? Não, ocorreu durante essa disputa ideológica...uma cidade dividida por um muro. Alguém tentou fugir? Claro, muitos (do lado soviético) mas eram fuzilados ou eletrocutado.
As Rivalidades entre Estados Unidos e União Soviética no pós-guerra
Apesar dos Estados Unidos e da União Soviética terem assinado acordos e tratados em comum, o período que se seguiu ao final da Segunda Guerra foi marcado por rivalidades entre os dois países.
Após a 2ª Guerra Mundial, os Estados Unidos se despontava como uma grande potência econômica e militar capitalista, que até então quem ocupava era a Inglaterra e outros países europeus. Como esses países estavam arrasados pelas guerras(seus territórios tinham sido palco das lutas), a potência capitalista passou a ser a norte americana.
Os Estados Unidos, que viam o fortalecimento político e militar soviético como uma séria ameaça à sua hegemonia no mundo, passaram a buscar estratégias que pudessem impedir a expansão do movimento socialista na Europa no Leste e no Sudeste Asiático.
Planos de ajuda econômica foram oferecidos, para a recuperação dos países afetados pelo conflito. Podemos destacar o chamado Plano Marshall. O Japão também começou a receber créditos financeiros.
Em curto espaço de tempo, essas nações reconstruíram boa parte de suas infraestruturas, recuperando praticamente todo o parque industrial. Os norte-americanos, na condição de grande credor, colocaram as nações europeias em uma posição de subordinação aos seus interesses estratégicos, o que resultou, por exemplo, na garantia de uma vasta área em que predominavam governos capitalistas.
Por outro lado, reagindo às estratégias norte-americanas, a União Soviética efetivou sua influência sobre os países do Leste Europeu apoiando o estabelecimento de governos com orientação socialista na região, mesmo que para mantê-los tivesse de intervir fazendo uso de suas próprias forças militares.
Esse período pós guerra foi marcado por disputas acirradas de poder entre norte-americanos e soviéticos, que buscavam reunir sob suas áreas de influência, respectivamente capitalista e socialista, o maior número possível de nações. Foi o período da chamada  GUERRA FRIA, uma época de grande tensão mundial devido à possibilidade de conflito armado entre as duas superpotências nucleares.
O confronto direto entre esses dois países era evitado ao máximo, pois isso resultaria numa catástrofe planetária (os dois países já tinham armas nucleares). Isso fez com que esses países, financiassem diversos conflitos armados regionais como forma de levar para sua área de influência (capitalista ou socialista) o maior número de países.
Exemplos de conflitos armados: Guerra do Coréia (1950-1953), do Vietnã (1954-1973) e do Afeganistão(1979-1988), nas quais movimentos internos socialista de um lado e capitalistas pró-ocidente de outro confrontaram-se com a ajuda soviética ou com o auxílio norte-americano.
Exercitando: (copiar no caderno)
1)Na consolidação do mundo bipolar, o que significou a separação da Alemanha em dois países distintos? Qual era o significado simbólico do Muro de Berlim nesse cenário geopolítico?
2) O que foi o Plano Marshall e qual a sua importância na consolidação dos Estados Unidos como superpotência mundial?
3) O que foi a Guerra Fria?

4) Explique, porque o mundo após a 2ª Guerra Mundial ficou conhecido como "Mundo Bipolar"?

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

15/02 A Guerra Fria e o fim da URSS 9º Ano

TEXTO PARA DISCUSSÃO

Kunihiko Bonkohara, 65 anos:
       Picles. Kunihiko Bonkohara está vivo graças aos picles. Em agosto de 1945, vivia no sul de Hiroshima, a 2 quilômetros do centro. Sua casa ficava de frente para um depósito de tsukemono (legumes em conserva japoneses), prédio alto de tijolos resistentes.
             Às 8h15 da manhã daquele 6 de agosto, recorda-se estar sentado ao lado de seu pai, engenheiro civil, diante da escrivaninha que ficava junto à janela da sala. A mãe e a irmã de 14 anos haviam sido convocadas para os trabalhos de demolição no centro da cidade. Bonkohara tinha 5 anos de idade.
             De repente, uma luz muito forte entrou pela janela. Em seguida, ouvimos um grande estrondo e uma rajada de vento levou o andar de cima da casa pelos ares. O vidro estourou e nós nos escondemos rapidamente embaixo da escrivaninha. Meu pai deitou-se em cima de mim. Lembro dele com as costas todas cobertas de sangue.”
             Dos males, o menor. No lado de fora, o bairro inteiro estava destruído. As tradicionais construções de madeira – e quem quer que estivesse dentro – haviam sido reduzidas a entulho. Apenas duas casas tinham ao menos o térreo de pé: a de Bonkohara e a do vizinho. Precisamente aquelas sobre as quais o grande armazém de picles fazia sua abençoada sombra. Agindo como uma espécie de barreira, aquele prédio os protegera das ondas de calor, das rajadas de vento, do fogo e da radiação. Ou seja, da exposição total à bomba atômica.
Quando pai e filho ainda procuravam entender o que diabos havia sido aquilo, uma chuva escura e espessa começou a cair sobre a casa sem teto. “Parecia pixe”, lembra Bonkohara. Quem dera fosse: trazia, na verdade, uma combinação mortal de água e fuligem radioativa produzida pelas cinzas da cidade que queimava do lado de fora.
             A nuvem descomunal criada pela própria bomba ajudou a carregar a “chuva negra” para áreas de Hiroshima que não haviam sido diretamente atingidas. E quem acreditou ter escapado ganhou também sua cota de radiação.
      
Fonte: Os caminhos da Terra, agosto de 2005, ano 13, nº 160, p. 51.